Mercado livre quadruplica em 2024
 

CCEE intensifica esforços internos e média mensal da volumetria de adesões passa de
616 no ano passado para mais de 2 mil com o varejo. Previsão é até 25 mil migrações
e 60 mil unidades consumidoras no ACL até dezembro

 

 

 

A partir desse ano o mercado livre começou a ser oficialmente uma opção viável para mais de 165 mil pequenas e médias empresas conectadas à rede de média e alta tensão, conhecidas como “grupo A”. A mudança elimina a exigência de demanda mínima para a adesão, elegíveis agora para faturas mensais superiores a R$ 10 mil, num novo público que por vezes desconhece as nuances desse ambiente de contratação.

Como a regulação exigia seis meses para a migração, o movimento começou a acontecer ainda no ano passado. Mas nas quatro primeiras semanas de 2024, dados trazidos à Reportagem Especial pela CCEE, mostram que o volume geral de novos entrantes subiu cerca de quatro vezes em relação a média mensal do ano passado, passando de 616 para 2.215 nesse mês, sendo 1.812 de novas cargas representadas por varejistas

Em entrevista exclusiva à Agência CanalEnergia, o conselheiro da entidade, Marcelo Loureiro, ressaltou que a abertura está acontecendo de forma tranquila e sustentável, sem problemas críticos. Ele atribui o resultado aos esforços internos realizados no desenvolvimento de sistemas e processos, destacando a contratação de pessoal para mobilização de aproximadamente 80 colaboradores devido à nova demanda, além de uma  surpresa no segmento atacadista.

“Possivelmente a propaganda em rádio e até TV que aconteceu por conta da Portaria 50 também estimulou consumidores que já poderiam vir para o atacado, olhando o mercado como não olhavam antes”, comenta. A projeção geral é entre 20 mil e 25 mil migrações nesse  ano, saindo das atuais 38.144 mil Unidades Consumidoras para 60 mil. Até o momento, a Aneel registra 14,6 mil denúncias de contratos junto às distribuidoras para a mudança até dezembro.

 

Em janeiro a previsão é de atingir 40,4 mil cargas. Foram 3.194 solicitações, sendo 76% ao varejo e 24% ao atacado. Desse montante varejista, 70% estão aptas, tendo ainda 9% (291) em potencial e 21% que tiveram algum problema de prazo e documentação, e que deverão ser realocadas para fevereiro, a depender dos agentes. Assim a perspectiva para o mês seguinte é de quase 2 mil pedidos acumulados, para uma consolidação esperada de 4,2 mil consumidores neste perfil para a próxima semana.

 

O vice-presidente de Estratégia e Comunicação da Associação Brasileira dos  Comercializadores de Energia (Abraceel), Bernardo Sicsú, mostrou-se otimista e entusiasmado com o momento, saudando a medida da CCEE de adiar em seis dias a data para conclusão dos processos de modelagem para adesão em janeiro. O prazo passou do dia 16 para 22, o que auxiliou o mercado sem impactar na operação, apesar de ter restringido o tempo de trabalho na instituição. Assim, a postergação resultou no dobro de migrações em relação ao prazo original

“Parece que está indo tudo muito bem e se imaginar que ano passado tivemos quase 7 mil migrações, a previsão para 2024 é quase 13 mil, sendo 90% representada por varejistas, subindo para 24 mil nas perspectivas gerais da CCEE”, avalia

 No ano passado o consumo médio alcançou os 24,4 mil MW no mercado, sendo o varejo responsável por 260 MWm desse total. Atualmente 38% da eletricidade demandada no país vem do ACL, percentual que pode aumentar para 45% a 50% nesse ano em consonância com a expansão das renováveis, segundo projeções da Abraceel. Entre os agentes são 108 classificados como varejistas na CCEE, tendo pelo menos 42 candidatos em fase de habilitação na entidade.

Fonte: Henrique Faerman da Agência CanalEnergia, do Rio de Janeiro